Vi ontem um homem na imundice de um comício político fazendo mil promessas para matar a fome dos pobres, para acabar com a dor e acabar com a miséria reinante no país.
Quando sai às ruas as palavras e promessas daqueles que tudo podem ainda ecoavam na minha cabeça. Mas, já na rua, vi crianças catando lixo, drogados, bêbados e idosos que, sem amparo, apanhavam sem pena daqueles que nada precisam ou que precisavam pagar seus momentos delirantes a pessoas que lhes dominaram o corpo e o espírito. E, nesse momento é impossível não sentir vergonha, tristeza e indignação. Isso porque, como cidadão, sou obrigado a pagar impostos selvagens e sem retorno algum, é a chamada transparência pública.
Pior sentimento foi o seguinte, como ser humano ter consciência de que o próprio ser humano está longe de ser um humano.
Vive-se nesse mundo atual e pós moderno sem sentimentos, sem piedade e sem nenhuma dignidade. O homem, meu Deus, é inumano, menos que um verme (e os vermes me desculpem a comparação) sem amor, mas com muita dor; sem alegrias, mas com muitas lágrimas; sem amparo, mas com muita fome; vivendo e sem vida.
E é em espaço-tempo como esse, que reflexões passam a fazer parte de uma vida e de uma indignação crescente, pois o homem, mais que nunca, continua sendo o bicho do próprio homem. E sem dignidade mínima de vida e com problemas diversos emergentes resta a certeza de que as raízes da violência, brutalidade, individualidade e destruição do planeta e da vida não é individual, mas coletiva. Todos local e global somos responsáveis pelos acontecimentos da própria História humana. Isto porque todos são sujeitos históricos e atores de um grande dilema: Quem somos nós?